quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Tus ojos


Robert Doisneau

Para ler ouvindo Penas do Tiê

Foi por descuido que os encontrei. Pairavam graves na face. Como se buscassem, em outras lonjuras, o mistério das marolas. Desprevenida e carregando nas mãos a ingenuidade de quem é só cansaço, eu me deixei ficar. O tempo suficiente para imprimir, na leveza do que só existe enquanto etéreo, a primeira e última lembrança.

Esta que carrego agora, junto ao pulso e ao silêncio. E que de tanto percorrer outras travessias, me ponho a exorcizar enquanto a chuva, que cai no meio da tarde calorenta, molha as calçadas, o asfalto, meus pés.

(quantos botos, iaras e uirapurus espreitam agora meu desespero?)

Nenhum comentário: