quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Psiu!

Cena do filme Asas do Desejo, de Wim Wenders

comece vendo...

Os anjos estão alvoroçados, ocupados em ferir minha existência com suas penas – Me deixem em paz, suplico! Por que presentear-me com a ininteligibilidade da língua?  

E então veio o silêncio. Essa pedra de mármore arranhando minhas entranhas. Como se eu houvesse desaprendido o verbo, vi crescer de minhas omoplatas, cansadas, surradas por ventos de outrora, os galhos de uma Samaúma.

Enquanto isso, lá longe, em lugares que só a imaginação alcança, sei que estão os chinelos, a fita branca no cabelo, o vestido de bolinhas, a coleção de gibis, a bruxa preta na qual escrevi, à caneta, minha primeira confissão. 

Por teimosia procuro-os agora. Como uma maneira de redimir antigas lembranças. Todas elas trazidas pela proximidade do Natal.

Pretensão de alcançar o céu. É isso que sinto. Mesmo quando a alma não respira.

...e termine ouvindo

Um comentário:

eduengler disse...

minha comadre,
bela poesia,
não sei se lhe chamo de "mulher samauma", que na atual conjuntura está banalizado pela ignorância,
ou se lhe vos chamo de "Samauma Mulher", que vou optar por ser mais elegante e poético.