quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Do tédio e outros demônios

Como é monótono o mundo de um aquário! Tenho pensado nisso nos últimos dias, sobretudo quando a luz do fim da tarde vem beijar as vidraças e meu espírito quase sucumbe à quietude dos farelos.

Vejam que não é fácil viver de ração. E menos ainda servir de peça decorativa. Por isso tanta tristeza ao ver os peixes, de um lado a outro, todos os dias.

Quantos anos de vida terão?

Penso em responder – se o fizesse, este texto tomaria outras feições. Mas estou esgotada, sem ânimo para lutar contra a torpe necessidade de aquiescência...

Então me dou conta de que gosto da luz amarela que ilumina a sala enquanto o dia morre quieto lá fora. E isso me salva. Pelo menos por alguns minutos.


5 comentários:

beijamim disse...

O problema que te toca, Vássia, é a consciência inequívoca de que também vivemos num aquário, ou caixa, se preferir.
E por mais que esta consciência seja dolorosa, é exatamente a mesma que nos dá a oportunidade de pular para fora. A diferença é que, ao contrário do peixe que salta para encontrar o chão ou o carpete,nós não morreremos nunca mais de asfixia.

Gui Noronha disse...

Se não fosse a necessidade humana de realizar seus desejos e prazeres, possivelmente viveríamos mais tempo e mais saudáveis nos alimentando apenas de ração, trancados em um ambiente controlado. Porém, sem estas necessidades, provavelmente nem teríamos consciência disso, pois não teríamos alcançado o conhecimento que a humanidade alcançou hoje. Estas necessidades nos fazem buscar sempre mais.
Apenas uma reflexão...

Anônimo disse...

Forte, muito forte, hein?

Abraço grande

Leila Jalul

Felipe disse...

Pelo menos por alguns minutos.

Fernando disse...

Dale!