Como é monótono o mundo de um aquário! Tenho pensado nisso nos últimos dias, sobretudo quando a luz do fim da tarde vem beijar as vidraças e meu espírito quase sucumbe à quietude dos farelos.
Vejam que não é fácil viver de ração. E menos ainda servir de peça decorativa. Por isso tanta tristeza ao ver os peixes, de um lado a outro, todos os dias.
Quantos anos de vida terão?
Penso em responder – se o fizesse, este texto tomaria outras feições. Mas estou esgotada, sem ânimo para lutar contra a torpe necessidade de aquiescência...
Então me dou conta de que gosto da luz amarela que ilumina a sala enquanto o dia morre quieto lá fora. E isso me salva. Pelo menos por alguns minutos.
5 comentários:
O problema que te toca, Vássia, é a consciência inequívoca de que também vivemos num aquário, ou caixa, se preferir.
E por mais que esta consciência seja dolorosa, é exatamente a mesma que nos dá a oportunidade de pular para fora. A diferença é que, ao contrário do peixe que salta para encontrar o chão ou o carpete,nós não morreremos nunca mais de asfixia.
Se não fosse a necessidade humana de realizar seus desejos e prazeres, possivelmente viveríamos mais tempo e mais saudáveis nos alimentando apenas de ração, trancados em um ambiente controlado. Porém, sem estas necessidades, provavelmente nem teríamos consciência disso, pois não teríamos alcançado o conhecimento que a humanidade alcançou hoje. Estas necessidades nos fazem buscar sempre mais.
Apenas uma reflexão...
Forte, muito forte, hein?
Abraço grande
Leila Jalul
Pelo menos por alguns minutos.
Dale!
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